C.I.C.A.T.R.I.Z.E.S
Âmago, amo, te amo.
Tu és vida aberta,
marte, mártir, assim
como eu sou.
A palavra evaporou-se
evoluiu, implodiu nas
Bahamas daquele pôr,
cujo sol não brilha mais…
Apenas restou um passado,
cujas feridas, já não curam
mais… denomina-se:
P.O.E.S.I.A.
Certa fantasia.
Não mais fabricaram
cabeças. Findaram-se
inspirações, angústias
brotaram nos peitos cheios
de alegria. Onde o lumiar
destes tempos remontaram
emoções que queimam,
teimam, insistem em
sobressair… ir.
Alguns menos, outros um
pouco mais:
sofrem
deliram
padecem
partem
morrem
carecem…
angustiam-se,
quando vejam que depois
dos 33 versos, já não surgirão
mais sonetos
nem prosa, menos
ainda… poemas… ias.
Feridas, mesmices,
essas inimigas de sempre
companheiras inertes
das horas vagas por aí.
Sujeiras da vida cotidiana,
inimiga das poucas alegrias.
Poeira sem beira-mar. Deserto.
Calos… pés descalços, aborto
de palavras emotivas, prisão
de sentimentos que não atrevo
mais a descrevê-los, ou, tão
somente em vivê-los.
Ei-los aí, sirvam-se à vontade.
Final do poço, fundo moço…
Este nó trancado na garganta,
às vezes sem deixar espaço
para gritar. Desabafo no acaso.
Balbuciar do que sentes, mente
tão somente… brincas com o
embriagar-se da carência
descrença
carência
vivência vegetante
desse amante de:
prosas
versos & rimas.
Oro… peço…
procuro nas horas mortas
o recordar de alguns minutos
que são meras lembranças,
desviadas pela rota do
imaginar
rélis criar.
Estrebucho-me,
luto, pois
gritando estou;
exatamente porque
tenho olhos e não vejo
ouvidos e não ouço
coração e não sinto,
cabeça e não penso.
Necessito urgentemente
reerguer-me… mas,
falta-me forças.
Assim, o que devo escrever?
Para quê viver?
Minhas palavras foram
dilaceradas, turbinadas
filosofadas, cansadas.
No entanto, no padecer
de um nome, o que restará
do eu falido
comprimido
espremido, que num
susto, partiu para o
além de se alegrar.
Crucificai-me!
Fazei destes meus braços
vossas pernas,
desta minha voz fina
e tisca, vosso canto e
deste meu gemido
tímido, vosso sorriso.
Desta minha pulsante
veia, vosso circular.
Eis aqui meu anseio
Senhor!
Cavalheiros, conheces
bem essas minha
poucas chagas.
Padre… afasta
de mim esse
cálido cale-se.
Mas, faça que
aconteça no início
do hoje
naquele ontem
e no depois de
amanhã de sempre.
Rogo-te _ devolva-me
essa condição de
criar, imaginar,
pôr e dispor da
tinta a caneta.
Livra-me da memória
oca-desemboca, no
rio de lágrimas do velho
curar… faça que as
velhas chagas criem
cascas, feito árvores
e assim devolva-me
a seiva do meu…
me-mo-ri-zar.
Nosso confeccionar.
Viva a festa.
Editada em 25.01.2000
Diamantina-MG
Reeditada em 25.01.24
Eugênio Costa Mimoso.