Outono

A náusea se alastra,

preenche as entranhas

e colore a esclera

com lágrimas brancas.

O estômago reage

e se expande, rotundo.

Regurgita a cicuta

e digere os segundos.

Apesar de tudo,

perduram as batidas

e a assimetria

de uma vida alegórica.

Arfar.

O que me resta

se não expelir

o ar que ainda sufoca?

Agir.

Unir meus restos

em prol de um fim

que não o meu? derrota.

A naúsea se alastra,

replica a geada

nos cristais da pupila

e avança, napoleônica.

Resta algo em mim

que não seja

mero território

de um outono vindouro?

Eduardo Becher
Enviado por Eduardo Becher em 26/08/2024
Código do texto: T8137792
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