Outono
A náusea se alastra,
preenche as entranhas
e colore a esclera
com lágrimas brancas.
O estômago reage
e se expande, rotundo.
Regurgita a cicuta
e digere os segundos.
Apesar de tudo,
perduram as batidas
e a assimetria
de uma vida alegórica.
Arfar.
O que me resta
se não expelir
o ar que ainda sufoca?
Agir.
Unir meus restos
em prol de um fim
que não o meu? derrota.
A naúsea se alastra,
replica a geada
nos cristais da pupila
e avança, napoleônica.
Resta algo em mim
que não seja
mero território
de um outono vindouro?