Devaneio

Dou alguns passos calado em um dia cinza,

Copacabana grita e explode em alegria,

Mas não me desperta.

No caminho, em meio a noite fria,

Reconheci bentinho e os cães vagabundos

Em uma sombra que passou por mim

No alto da praia do Flamengo.

Nas mãos, o veneno da vida,

Pronto para se atirar e destruir o que nela se vive.

Na cabeça, alguns olhos dissimulados

E arrependimentos excessivos,

Daqueles que deprime os que já, por natureza,

Morrem de saudades.

O mar tornou-se mudo,

ou, com a distração que vinha comigo,

Não o notei até que me molhasse os pés.

Lá no horizonte a extensão do mundo

Me diminuía a cada vez que o encarava.

Em cada serra acinzentada,

Em que meus olhos repousavam.

Em cada navio desaparecendo no horizonte

Aonde meus olhos, recordando dos teus

Perderam-se tristes e silenciosos.

Meu amor, o mundo é grande,

mas está doente.

Leonardo Ramos

Leonardo Ramos de Almeida
Enviado por Leonardo Ramos de Almeida em 26/08/2024
Código do texto: T8137638
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