Devaneio
Dou alguns passos calado em um dia cinza,
Copacabana grita e explode em alegria,
Mas não me desperta.
No caminho, em meio a noite fria,
Reconheci bentinho e os cães vagabundos
Em uma sombra que passou por mim
No alto da praia do Flamengo.
Nas mãos, o veneno da vida,
Pronto para se atirar e destruir o que nela se vive.
Na cabeça, alguns olhos dissimulados
E arrependimentos excessivos,
Daqueles que deprime os que já, por natureza,
Morrem de saudades.
O mar tornou-se mudo,
ou, com a distração que vinha comigo,
Não o notei até que me molhasse os pés.
Lá no horizonte a extensão do mundo
Me diminuía a cada vez que o encarava.
Em cada serra acinzentada,
Em que meus olhos repousavam.
Em cada navio desaparecendo no horizonte
Aonde meus olhos, recordando dos teus
Perderam-se tristes e silenciosos.
Meu amor, o mundo é grande,
mas está doente.
Leonardo Ramos