Paralelepípedo

Paralelepípedo

( Tema sugerido em meus stories).

Certa vez eu deveria ter uns

nove, dez, onze anos, brincava

na rua com a galera, entre tantas

brincadeiras estavam elas

passar anel, queimada, peteca

pega-pega,vôlei, correr na praça,

salada mista e subir nas pedras.

Eram montanhas lindas

de paralelepípedos, saíamos

delas de dedos encardidos.

mas de olhos brilhando.

Infância querida, onde tudo

se formava, o bairro, as amizades

a puberdade e era incrível a felicidade.

Fazíamos campeonatos de quem

encontrava o paralelepípedo mais bonito.

Formando pirâmides deles.

Molecada corria, ria e caia

até que um dia eu tropecei em um,

cai em cima do dedinho minguinho

de uma amiga, rimos e choramos

ela trincou o dedo e eu esfolei

joelhos.

Com medo de levar umas sapecadas

das mães, ficamos ali no chão

até que outros amigos nos

deram as mãos.

Fomos para o banho e ardeu

um tantão, eu curei em casa

minha amiga foi no hospital

imobilizou o minguinho.

Mas nem um dia passou

e pra rua voltamos de fininho.

Afinal o campeonato precisava

continuar, pois em poucos

dias as ruas já estariam pavimentadas

e novas brincadeiras teríamos que

desenvolver fora da estrada.

A poesia tem fantasia, mas aqui

tem história verídica, que me levou

lá no túnel das boas memórias

dos anos 80, grata amigo ,

por sua sugestão, poetizar o

paralelepípedo foi uma deliciosa

satisfação.

Alessandra Mello

@almapoeticaluz