destampando
Destampo a água de seu fundo, afasto-o
E sua demora me afasta da essência.
Embriagada pelo caos interno,
Ignoro a raiz próxima,
A verdade gravada em seu nome.A memória transborda, carne imprópria,
Inundando o oculto,
A coisa escondida, ladra, cospe,
Se funde ao tempero,
Misturada à irmandade perdida no tempo,
Subjugada pela roda incessante.O rio nos prende sob seu sulco,
Não é sermão, nem longa corrida,
Mas nos incute uma tarde sem fim, diabólica:
Cetro de cetim e madeira,
Perfura o âmago do desejo,
Escorre entre os dedos teu ser,
Maduro, endurecido.Sou o jarro que pende do chão,
Esperando a queda,
Ansiando deixar de ser,
Desejando não mais estar na obra inacabada,
Onde os homens deixaram suas imagens por terminar.Sou o rei destas terras sombrias,
O soberano da penumbra,
Ansiando pelo campo iluminado,
Sou a semente em busca da árvore,
Ainda esperando que seu nome esteja inscrito nela.