G R I T O

Falá pra quê se posso urrar?

Beber por nada enquanto engulo aos montes os pedaços de pedir. Tragédia!!!

No silêncio dos dias novos vi a morte de um ser que não queria partir. Não… não foi até breve.

Exato!!! Adeus!!!

Toquei no útero certo, e um feto estrebuchava, rangendo os dentes de tanto esperar.

Pobre cadavérico pedaço de gente. dizer o que, se ele só sabe reclamar os seus

direitos?

Mastiguei aquele dicumê azedo que só Deus sabe como era insosso o sabor.

Fiz protestos diante das mamas fartas de uma dona e lancei o grito _ senhora, poderia me conceder um tiquinho desse leite. Ela simplesmente gerou-me a cacunda e partiu.

Quanta ingratidão!

Meu peito secou como um torrão, trincou igual cana fixa, mas esperava ansioso por vós me cê.

Quando tudo parecia uma sepultura, quando o fim já não tinha mais começo… eis de longe um gritou saltou-me aos ouvidos… e girando de lado balbuciei baixinho.

Mas que beleza de mulher sô. Não me contive e lasquei um grito, daqueles que lasca até os confudó dos boqueirão. Vai não minha senhora… ! Volta… pro modo que sem a senhora nós não vive… apenas pelejamos. Navegamos. Dona, vorta, porque meu amor por vós é muito grande… Pelejamos, no entanto não vamos mais vortar.

De repente pude oiá aquela cara bonita e aí me sujeitei a gritar e berrar.

Dona… te amo…

Estava mermo precisando te reconsquitar…

… almei… amei…

Editada em 07.05.1997

Itália

Reeditada em 24.08.24

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 25/08/2024
Código do texto: T8136668
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