CADÊ VOCÊ, PAI?
Hoje de manhã você não estava mais aqui.
Revirei tudo, fui atrás dos móveis, das frestas, nas entranhas do pó do chão.
Subi nas árvores, nas falanges do vento, fui até o fim do mundo.
Cadê você, pai?...
Todo mundo tem pai, pra brincar, pra mentir, pra desafiar o tempo.
Todo mundo tem pai, pra desvendar seus medos, pra desfraldar seus novelos,
e ouvir todas manhãs seus gritos de guerra.
Cadê você, pai?
E não foi só hoje que você sumiu.
Lembro agora que ontem também não achei você.
E na semana passada, você também não esteve por aqui.
De verdade, nem lembro quando vi você chegar.
Só lembro da última vez que vi você ir embora.
Pra nunca mais voltar.
Inspirado na saudade do meu pai, que foi embora antes da hora em 2002.