IDÍLIO A EUTERPE.

CANTO 31.

O som da flauta ao luar,

Tão suave é sua sonoridade,

Euterpe a cantar tão graciosa,

Tão jovem, tão bela, audaciosa,

Sua música é ouvida pela cidade,

De encanto se comove meu coração,

Que ri, chora, suspira de emoção.

Canta ao som da harpa,

Musa da coroa florida, tão singela,

Com seus mil perfumes, tão delicada,

Notas precisas da harpa é arrancada,

Do aedo coração o amor revela,

É a nota sofrida que tanto persiste,

É a nota de dor deste cancioneiro triste.

Do alto monte ao som da Cítara,

Seres caídos em plena orgia,

Euterpe lamenta descontente,

Zeus como trovão surge de repente,

Notas de castigo a cítara trazia,

Do alto monte o tom era impreciso,

Seres caídos, expulsos do pequeno paraíso.

O mundo foi desperto ao som de tambores,

Euterpe lá do alto observa e procura,

Ecoa a música altiva, por vezes chorosa,

Euterpe surge imperceptível, silenciosa,

A espreita ela escuta o batuque estridente,

Homens e mulheres à luz do sol nascente.

Na orquestra soa o clarinete,

Ecoando por todo o salão,

A batuta reluzente se agitando,

No canto a moça escuta chorando,

A plateia cheia de encanto e emoção,

A batuta se agitando intensamente,

Euterpe observa, sorri alegremente.

De frente ao mar ao som da Lira,

Contemplando o mover das ondas,

Das marés o balançar elegante,

O cancioneiro canta delirante,

Canta para suas águas tão profundas

Notas sofridas de um impossível amor,

Notas sentidas, entre lágrimas e dor.

Hábil o músico dedilha o saltério,

Ao pé do monte, à beira da estrada,

Muitos passam, ninguém o conhece,

Apenas Euterpe observa, o seio estremece,

Canta o músico ao romper da alvorada,

A noite surge com os seres noctâmbulos,

Fantasmas e seus funestos cantos.

A jovem de olhos azuis toca a Charamela,

Eu que tão triste pelo caminho vinha,

Solitário, caminhando descalço na estrada,

Fiquei admirado, com a alma deslumbrada,

Tanta luz que naquele olhar continha,

Parei a observar aquela que resplandece,

Euterpe sorriu, meu olhar umedece.

Outra jovem soprando o seu oboé,

Invejoso o sol observa ardendo em chamas,

Tal é o som harmonioso que alcança o dia,

Até o mar rugiu com sua onda bravia,

Sei que em outros olhos lágrimas derramas,

O meu coração ficou como de criança,

Sorrindo salteia cheio de esperança.

A orquestra enlouquece ao som do violino,

Tão cedo surgem as estrelas passo a passo,

Tudo se desenrola no curso do pensamento,

Na janela da alma, a verdade é um lamento,

Olho para céu novamente, no vago espaço,

Lutando com cada verso no romper da lua,

Termino a poesia, não minha, somente sua.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 24/08/2024
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