Coadjuvante

“Se eu pudesse te fotografar como te vejo agora,

entenderia daqui a muitos anos,

Ao olhar pro retrato, desgastado com o tempo,

que tu nunca esteves tão linda, quanto estás”

Disse eu, do outro lado do balcão

Me imaginando sentado,

A mesa que todo dia sirvo,

Me declarando para aquela

Que me é desconhecida

Mas a amo.

Eu olho pros casais que de fato ali estão.

A balança que pesou,

O relógio que contabilizou

E chegaram a números racionais.

Fatalmente erraram a conta.

Ela não fecha.

Não se encerra,

Se transborda.

Assim mesmo, sem pressa.

Me divirto vendo

o que eles nem percebem,

A magia do encontro,

Cronometrado não por Khrónos

minuciosamente articulado por Kairós.

Abandono meu protagonismo

E regozijo a alegria do estranho.

Que me pagou o que pediu

E me deu seu nome,

mas sim, um estranho.

Sou coadjuvante na minha própria vida,

E nesse papel,

Pelo menos naquele instante

Eu vi sentido.

Pois senti.

Yuri Izidio
Enviado por Yuri Izidio em 23/08/2024
Código do texto: T8135360
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