Sampa

Quando olhei nos olhos teus cativos/

Toquei na pele angelical /

Do teu corpo vazio/

Com toda a dor/

Das minhas mazelas/

Procurando no acolher do teu colo macio/

Um sonho de acesso ao abrigo frio/

Pra aliviar a minha morte/

Oriundas de um norte/

Entre os últimos suspiros/

Conseguir ouvir/

Quieto o teu coração/

Harmonizar com o meu/

Uma fala/

Tão afetuosa/

Que por um segundo/

Me vi perdido/

Entre as paredes estranhas do teu leito/

E mesmo procurando no teu beijo/

Um jeito/

De comprar o teu prazer/

Pude sentir você/

Pude sentir você/

Qualquer coisa /

Diferente de um mero clichê/

Um querer/

A compreender que a luz não se vende/

Atordoado com que conseguia ver/

Procurei a essência da tua pessoa/

Que naquelas horas/

Acontecia sem a gente se conhecer/

Quando entrei em tua morada/

Não fui advertido dos perigos/

Que a tua sedução/

Na penumbra daquela noite/

Imporia- me com a tua simples imagem/

Mais do que um encontro casual/

Do que uma suave garoa da capital/

Nossas mãos se procuravam/

Nossa matéria se encaixava/

Se entrei como aventureiro/

Num deserto desse mundo/

Procurando na escuridão/

Qualquer coisa sem importância/

Que ao tolo fascina/

Quando te enxerguei menina/

Maturei no peito a sede/

De uma adolescente paixão/

Te ter ali naquelas condições/

Perdeu o sentido/

Para um simples mendigo/

Não queria só ouvir os teus gemidos/

Mas sentir o gozo da tua alma/

Escrever no âmago do ocorrido/

A razão de ter te descobrido/

Ao sair sentindo você em mim/

Com o teu cheiro ascendendo/

A vontade de voltar ali/

Mesmo me dando conta/

Das correntes, que aprisionam a tua lucidez/

E maquiam o teu dia a dia/

Me vi na certeza de um bem querer/

Mas deixemos ao acaso descobrir/

Entre os lençois vazios/

E a saudade da despedida /

Se ela existir/

O quanto de nós/

No amanhã fará sentido/