Gritem todos os silêncios
Gritem todos os silêncios
Ecoem as vozes reprimidas,
Caladas, sofridas
Venham todas as lembranças,
Fale-se sobre todas as dores,
As perdas, os amores.
Gritem as vozes que não se ouvem
O que não se pôde impedir
O que não se pôde dizer
O que não se pôde compreender.
Que venham do mais profundo da alma,
Os choros, as palavras, os acertos,
Que venham os cantos, as danças,
Que venha a vida, a alegria.
Grite-se com o amanhecer, o sol no horizonte.
Cante-se com voz doce, suave, grave, dorida.
Mas cante-se aquela canção perdida.
Aquela canção composta para chamar o gado.
Que não se morra no silêncio, na dor.
Que não se desista de cantar, de falar.
Que não se desista de sorrir.
Que não se desista de viver.
Contudo, as palavras sucumbem ao silêncio
E nem todas as músicas, nem todas as orquestras
Retiram as vozes caladas, mudas,
Das profundezas da alma.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 02 de janeiro de 2013