Despercebidos
Precisava saber da imensidão do dia
Para quando minha noite chegasse
Para preencher meus imensos vazios
Precisa saber das cores do dia
Para não me assustar com seus males
Para saber lidar com minhas tristezas
Precisava ranger os dentes de frio
Para saber mensurar os que sentem frios
Mesmo as noites sendo quentes
A mesma noite que traz a fome
A fome que trança a vida dos homens
Os mesmos homens que quentam o fogo
Precisava saber do amor entre as mulheres
As que colheram o fruto do suposto paraíso
As mulheres vítimas das fogueiras medievais
As que sabem mais que todos os livros
Precisava saber de coisas antigas em mim
Dos olhos que olham pela janela
A vida dos que passam despercebidos.
Milton Antonios
21ago/2024