L A P I D A G E M

Um certo, bicho, dito homem,

surgiu… digamos assim: nasceu.

Da razão? Nada! Deveras, proveio

de seus genitores.

Aos poucos seus olhos foram

se abrindo, e defronte a sua

magra existência, o filme começou.

Coisa, pessoas, atos, feitos, fatos

foram se revelando naquilo que

ele nascera para ser… uma pedra.

O mesmo foi crescendo e tomou

posse, recordando-se de TUDO.

Os que partiram, quem ficou, e no

Embalo do trem da vida, ele…

tornou-se um vagão. Partiu.

Na metade do caminho encontrou

um livro fechado, e aos poucos,

foi folheando-o, até vir ao seu

peito nu, uma dor de lágrimas.

Fogo ardente da grande descoberta.

Agora ele sabe quem ele é.

… O homem descoberto hoje, ditado

pelas suas puras emoções, buscou

na razão dos seus ancestrais a coragem

de sonhar, sair da brutalidade da pedra,

se tornar uma… esmeralda. Nome lindo,

não é? Havemos de acreditar.

No entanto, esse garimpeiro do universo

colocou-o diante de sua história, a qual

ele não se recorda, pois passou da estação

e não descendo onde deveria ser seu repousar.

Homem bendito, bem vindo, querido…

Ideal puro. Real mesmo, é a pedra

esculpida no seu mundo interior. Rocha,

racha. Quem te fez?

Não carecem explicações, basta no entanto,

abrir seu coração para o brilhar de um

amor que te negaram, deflagaram.

Vejam só!!! Esse mesmo homem cobra

o seu brilho, quer passar de esme-ralda

para dia-mante. Encontrou-se com a

estação de sua vida e calcou a lapidação

do eu interiorizar nas letras fáceis do

cuidar, escrevendo, descrevendo o

seu amadurecer… Louvado seja!

E a placa fora calcada ao batente

de sua porta com os seguintes

dizeres:

“Vende-se urgentemente, semi-novo,

bom estado, sem danos colaterais

e pulsando corretamente, no bom

passo e compasso… um coração.

E ao reabrir das suas pupilas,

viu-se vivo no outro que acordava.

Veja! Lá está ele brilhando

como um cometa.

Hoje ele é uma estrelinha.

Coisa de criança? Jamais.

Dádiva de transplantar…

Seu, meu, nosso.

Desculpe. Vou descer

na próxima…

Es-ta-ção.

Veja meu coração.

Editada em 05.09.1998

Reeditada em 19.08.24

Eugênio Costa Mimoso.

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 21/08/2024
Código do texto: T8133584
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