M A E S T R A D E
Óia moço, o sinhô hoje é o tar.
Eu… sô nada.
Formei inté capitão e agora
de banda só me resta o côro
sapecado pelo o sór do currá.
Pirdi o nó no suór deste turrão
quente feito brasa.
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Duas cria eu tenho.
Só sou aquilo que posso ser.
Posso não seu moço, ser aquilo
que eu quero.
Sacudo as sinfonias da vida o que
eu pricisava reger as trias do onte
nos antonte do hoje. Ispia só.
Minha graça? Disgraça de um pelejar
nos barranco da vida, sempre a
maestrar. Sabe moço o qui me
inspira… ser eu mermo.
Oxe… aprindi nas letra da vida humirde
o qui se pode ser… reconhecido por todos.
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Mi iscondo aqui, seu moço, debaixo
dessas têias véias, fincadas no meio
dessa lama sem beira.
Vos sum cê acridita qui eu balançava
prá riba, prá baixo… prá inrricá os barão
de curralin? Pois é. Mi abandonou.
Sei lá pro que. Nem eu entendi.
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Minha véia se foi. Guentou não moço
Ocê mi ardiscurpi, mas vou chorá.
Tou só moço… sem currá, sem laço.
Meu gibão rasgou. Assim do nada.
Vou mi imbora sinhô prá cidade,
prá vê se ganho o que eu não
conquistei.
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Vô deixar para trás o meu sabiá,
tumbém nóis num canta mais.
Perdemo a vontade, moço.
Meu coração tá arredio, perdeu
a valentia… agora bate frouxo
feito gongo disafinado. Fazê o que?
Minha viola, soquei nu saco qui
inté já rasgou. Também, pindurada
no torno… prá qui serve mais?
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Prá triminá essa demanda moço,
priciso lhe dizê uma coisa.
Já fui aluno, prefessor, cantadô e
inté maestro. Hoje…
Tô vagando pelas istrada afora
qui neim gambá, sem corage nem
prá pestanejá.
O início? O meio? Só sei o fin moço.
Triminei… vou-se deste mundo pro
outro e deixo prô cês, meu canto,
minha viola, meu sabiá e meu gambá.
Quem quisé qui pegue um…
Prô ceis… tarveis.
Silêncio moço… apague o chumaço
e derrami o azeiti prá num queimá
ninguém, visse.
Parti nas minhas par-titura.
Editada em 22.01.1999
Reeditada em 18.08.24
Eugênio Costa Mimoso.