M A E S T R A D E

Óia moço, o sinhô hoje é o tar.

Eu… sô nada.

Formei inté capitão e agora

de banda só me resta o côro

sapecado pelo o sór do currá.

Pirdi o nó no suór deste turrão

quente feito brasa.

…………………………………

Duas cria eu tenho.

Só sou aquilo que posso ser.

Posso não seu moço, ser aquilo

que eu quero.

Sacudo as sinfonias da vida o que

eu pricisava reger as trias do onte

nos antonte do hoje. Ispia só.

Minha graça? Disgraça de um pelejar

nos barranco da vida, sempre a

maestrar. Sabe moço o qui me

inspira… ser eu mermo.

Oxe… aprindi nas letra da vida humirde

o qui se pode ser… reconhecido por todos.

………………………………..

Mi iscondo aqui, seu moço, debaixo

dessas têias véias, fincadas no meio

dessa lama sem beira.

Vos sum cê acridita qui eu balançava

prá riba, prá baixo… prá inrricá os barão

de curralin? Pois é. Mi abandonou.

Sei lá pro que. Nem eu entendi.

………………………………………………….

Minha véia se foi. Guentou não moço

Ocê mi ardiscurpi, mas vou chorá.

Tou só moço… sem currá, sem laço.

Meu gibão rasgou. Assim do nada.

Vou mi imbora sinhô prá cidade,

prá vê se ganho o que eu não

conquistei.

………………………………………

Vô deixar para trás o meu sabiá,

tumbém nóis num canta mais.

Perdemo a vontade, moço.

Meu coração tá arredio, perdeu

a valentia… agora bate frouxo

feito gongo disafinado. Fazê o que?

Minha viola, soquei nu saco qui

inté já rasgou. Também, pindurada

no torno… prá qui serve mais?

……………………………………….

Prá triminá essa demanda moço,

priciso lhe dizê uma coisa.

Já fui aluno, prefessor, cantadô e

inté maestro. Hoje…

Tô vagando pelas istrada afora

qui neim gambá, sem corage nem

prá pestanejá.

O início? O meio? Só sei o fin moço.

Triminei… vou-se deste mundo pro

outro e deixo prô cês, meu canto,

minha viola, meu sabiá e meu gambá.

Quem quisé qui pegue um…

Prô ceis… tarveis.

Silêncio moço… apague o chumaço

e derrami o azeiti prá num queimá

ninguém, visse.

Parti nas minhas par-titura.

Editada em 22.01.1999

Reeditada em 18.08.24

Eugênio Costa Mimoso.

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 20/08/2024
Código do texto: T8133304
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.