G O TÍ C U L A

Numa noite escura e tenebrosa,

uma pequena gota incomodou-me

o sono intrépido, que tantas vezes,

o dito era minha única razão de

deitar-me o lombo na grotesca

solidão… uma paixão.

Meu velho colchão de palha…

E meu amigos insetos… que horror.

Foi num dia reluzente, tão quente

que a mesma gota, tocou-me os

lábios e naquele ato inefável e

implacável… senti um amor

ávido, leve e sereno. É ele.

Na rubra tarde de inverno

houve uma tempestade prenha

de raios, trovões, ventania.

Quando tudo passou, apareceu-me

ela, a roçar-me o dorso,

transubstanciando, meu suor,

minhas lágrimas, numa

pequenina gota…

Que dor!

Depois de longos pesadelos com

o teto furado, onde os astros me

faziam companhia… assaltou-me

os pesadelos, meus delírios, e

revirando meu jardim secreto,

acessei os arquivos do meu existir.

Soluçando, aos poucos retornei

e debruçado sobre o ombro do

meu amigo travesseiro, suspirei,

exclamei. Bendita gota!

Que bom! E ao acordar do

meu pequenino, mas, genuíno

sonho, deparei-me com

o oceano a transbordar-me.

Então percebi que era

um pesa-de-um modelo.

A vida como ela é… para mim

e para todo

restante do mundo.

Levantei, abri a porta da minha

despensa e parti.

Voltei… cá estou.

Vivo… gratidão.

Editada em 22.01.1999

Reeditada em 19.08.24

Eugênio Costa Mimoso.

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 20/08/2024
Código do texto: T8133301
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