Monólogo da Morte II
Feche as portas e no escuro
Tente ver a mão parada
Não há santo ou escudo
Não adiantaria ficar mudo
É o fim de toda jornada
Veja meu olhar mais seguro
Levante e bem lentamente
Venha ver comigo o mundo
Há tanto aqui e tão distante
Toda dor já é tão bastante
Cada era é também um segundo
Feche os olhos e vá em frente
Ouça a voz vinda de lá
Esse meu canto de sereia
Prometo de não lhe assustar
Quando vir que além do ar
Há uma praia sem areia
E você para sempre dormirá
Durma bem e esqueça a dor
Aqui não precisará disto
Aqui lhe basta o que lhe dou
A chance de mudar tudo, ou
De esquecer como era visto
Além do orgulho devastador
Erga a cabeça e me acompanhe
O caminho em breve termina
Não haverá pesadelos, sonhe
Não se pode ou se envergonhe
No fim cada alma se ilumina
Não queremos que se acanhe
Pegue a mão desse anjo velho
Que te guiará pelo caminho
Até chegar ao mundo arcano
À vida eterna e sem engano
Onde não estará sozinho
Nem mais fugirá do espelho