Monólogo da Morte II

Feche as portas e no escuro

Tente ver a mão parada

Não há santo ou escudo

Não adiantaria ficar mudo

É o fim de toda jornada

Veja meu olhar mais seguro

Levante e bem lentamente

Venha ver comigo o mundo

Há tanto aqui e tão distante

Toda dor já é tão bastante

Cada era é também um segundo

Feche os olhos e vá em frente

Ouça a voz vinda de lá

Esse meu canto de sereia

Prometo de não lhe assustar

Quando vir que além do ar

Há uma praia sem areia

E você para sempre dormirá

Durma bem e esqueça a dor

Aqui não precisará disto

Aqui lhe basta o que lhe dou

A chance de mudar tudo, ou

De esquecer como era visto

Além do orgulho devastador

Erga a cabeça e me acompanhe

O caminho em breve termina

Não haverá pesadelos, sonhe

Não se pode ou se envergonhe

No fim cada alma se ilumina

Não queremos que se acanhe

Pegue a mão desse anjo velho

Que te guiará pelo caminho

Até chegar ao mundo arcano

À vida eterna e sem engano

Onde não estará sozinho

Nem mais fugirá do espelho

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 17/08/2024
Código do texto: T8130948
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