A Bela Onça Adormecida
Na velocidade do tempo\
Que minhas pernas podiam dá\
Vinha eu sem pensar\
Quando o destino nos fez\
Na rua se encontrar\
Como a areia e as onda do mar\
Como o passado e presente a segredar\
Não eras tu, um dia a menina\
Assim como eu, o jovem\
Há tempos a cismar\
Pois é\
Depois de idas e vindas\
Outra vez ficamos só a passar\
Mas tinha que um dia\
Antes da morte, eu te acordar\
Aqueles olhos\
De felina a me chamar\
Debruçados na leitura de um afeto\
Que pulsava sem parar\
Cada vez que a gente ficava na ementa\
Foste tu\
Quem me identificou\
Como a flor à primavera\
Sob o sereno a cortejar orvalho\
Depois de tanta espera\
A capela\
Te convidei a me visitar\
Ao abrir a esquife, das tuas vestes\
Aquela fera adormecida\
Veio a tona\
A me domar\
Entrou no meu mundo ao acordar\
Abusado, sem falar muito entrei\
Despertei com um toque tão profundo\
Que gemeste ao mundo\
O prazer\
De uma mulher\
Que nem um homem\
Foi capaz de ofertar\
Não obstante esse encanto\
O essencial foi contigo estar\
Descobrindo mistérios\
Que poucos são capazes de vivenciar\
Cada segundo atrevido, a te reverenciar\
Seduzido\
Mergulhei nas tuas águas\
Adquirindo o teu cheiro\
Te bebendo por inteiro\
Comi do teu sangue\
Me vicie nos teus beijos
E embriagado de desejos\
Te amei\
Em tão poucas noites\
Mas como te amei\
Tua boca vociferava\
Não acreditar no acontecido\
Mas eu não sou um deus\
E preciso \
Do teu toque\
Pra existir e finalizar\
Sentir o teu calor\
Em mim andar\
Como a febre queimando o corpo\
Ritmados por esse valsar\
Caminhamos lado a lado\
Sem escutar ou visionar\
O que o nascer do sol\
Tem pra nos falar\
Pois é ao silêncio\
Que a obra matura\
Que o filho se forma no ventre\
Que o gozo\
Torna-se um grito de igualdades\
E o amor\
Pede passagem pra amar\