ALMENARA

Aos poucos esvanece tua memória

assim como teus cabelos

Meus olhos assinalam tua partida

Sinto como se fosse hoje

o vento de agosto em meu rosto

Cortavas papel de seda

nas cores que eu escolhia

Colavas varetas finas

com goma arábica da boa

Em meio ao alarido

de pais e filhos

do altiplano da Casa Verde

Empinávamos nossa ave de papel

que subia, subia alto

acima de águas furtadas

atingindo céu azul de tarde fria

Nada nos impedia: nem pirose nem ditadura

Nossas pipas coloridas de agosto

eram nosso gosto de liberdade .

Marcia Tigani