ALVENARIA
ergui minha casa com palavras:
tudo que me saía pela boca virava parede.
falei tanto até que concluísse os quartos,
na sala, parei com sede.
e dessa sede mal morta saiu apenas a porta,
que a lugar nenhum levava pois ainda não havia dito
o que eu queria para mim quando pisasse na rua:
o calor do sangue ou o conforto dos mitos.
entre a casa que ainda não havia
e o mundo que ainda repousava no silêncio,
eu, antes do fim,
já pensava em incêndio.