SERTÃO REALIDADE l
Nas matas da minha terra
Lá de onde um dia eu sai,
Ainda se ouvi o lindo cantar
Do sabiá fogo pagô do Bem-te-vi.
Ainda se ouvi o ordenar do jumento
Que já esteve quase em extinção,
Em dias de muito alegramento
Nos pastos do meu sertão!
O caboclo da roça, trabalhador
Com suas mãos tão calejadas,
De sol a sol, labuta sem destemor
No Machado na foice ou na enxada!
Ver que a mulher sertaneja
Tem por sina ou distração
Todo ano tem um filho e veja
E não quer saber de ligação.
A dificuldade em ter a água
Para o consumo ou par'o laboro,
Não mede distância e a lata traz
Na cabeça e até acha satisfatório.
Entre estradas esburacadas
Veredas ou cominho de bode,
Em algum lugar vai ter que dar
Seja lá qual for o transporte.
Fogão de lenha, esquentar o frio
De cócoras no descanso das panelas,
Saudades da minha terra eu sinto
Nunca deveria ter saído delas.