SERTÃO REALIDADE l

Nas matas da minha terra

Lá de onde um dia eu sai,

Ainda se ouvi o lindo cantar

Do sabiá fogo pagô do Bem-te-vi.

Ainda se ouvi o ordenar do jumento

Que já esteve quase em extinção,

Em dias de muito alegramento

Nos pastos do meu sertão!

O caboclo da roça, trabalhador

Com suas mãos tão calejadas,

De sol a sol, labuta sem destemor

No Machado na foice ou na enxada!

Ver que a mulher sertaneja

Tem por sina ou distração

Todo ano tem um filho e veja

E não quer saber de ligação.

A dificuldade em ter a água

Para o consumo ou par'o laboro,

Não mede distância e a lata traz

Na cabeça e até acha satisfatório.

Entre estradas esburacadas

Veredas ou cominho de bode,

Em algum lugar vai ter que dar

Seja lá qual for o transporte.

Fogão de lenha, esquentar o frio

De cócoras no descanso das panelas,

Saudades da minha terra eu sinto

Nunca deveria ter saído delas.

Gilson Brasil
Enviado por Gilson Brasil em 15/08/2024
Código do texto: T8129548
Classificação de conteúdo: seguro