AO OLHAR PARA TRÁS
Você se lembra?
Quando os dias eram rios que corriam,
e nós, pequenos barquinhos, flutuávamos neles,
sem pressa, sem rumo certo,
navegando entre risos e quedas.
Na sala de aula, o relógio teimava,
marcava as horas com a lentidão do vento em tarde de verão,
e cada minuto parecia um suspiro da eternidade.
Os cadernos, com suas folhas brancas e promessas,
eram jardins onde plantávamos sonhos,
mas nem sempre sabíamos o que floresceria.
Você sentia a ansiedade como um eco distante,
um desejo de crescer, de alcançar o horizonte,
mas, ao mesmo tempo, havia uma mão invisível,
uma âncora que nos segurava ali,
nas brincadeiras de recreio, nas risadas de amigos,
nos olhares cúmplices que falavam mais que palavras.
As travessuras eram nossos segredos,
nossos primeiros passos na arte de ser rebelde,
enquanto os professores, com olhos que tudo viam,
eram como árvores antigas,
sábias e pacientes, balançando com o vento,
mas sempre firmes, enraizadas em nosso caminho.
E hoje, ao olhar para trás,
essas memórias dançam na sua mente,
como folhas secas em outono,
levadas por uma brisa suave que traz consigo
o doce perfume da saudade.
Você percebe que, entre a ansiedade de crescer
e a pressa de viver,
se esconde a verdadeira essência da vida:
os pequenos momentos,
as risadas sem razão,
os olhares furtivos que agora se transformam
em suspiros de um tempo que passou,
mas que nunca se foi.
Você vê, com os olhos da maturidade,
que aqueles dias foram os alicerces,
as raízes que te sustentam hoje,
e percebe que, mesmo que o rio siga seu curso,
as águas da infância continuam a fluir
dentro de você,
doces e tranquilas,
na correnteza do tempo.
Magistral Interação de Cristina Gaspar
Ainda bem pequenos queremos crescer
Adolescentes variamos inocência e rebeldia
Maduros temos saudades do nascer
O que vale é o saber, a vida e a poesia
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