Quem me dera
Eu sempre quis ver a vida
Com os olhos de uma grande ave
Essa existência mais favorecida
A bailar voejante no infinito azul
Meu grande anelo, tal bendita chave
Despertar ao norte e sonhar ao sul
Ah, quem me dera ver o mundo de cima
Não como terráqueo, aqui preso ao chão
Seria eu, então, da poesia a rima
Pintura do óleo, divinal canção
Quem me dera ver o mundo ao reverso
Entre as nuvens do céu, no meio do dia
Eu declamaria da estrofe um verso
Meu amor confesso, eu confessaria
Não sei porque choro e nem porque rio
Pois nunca, de fato, tive os pés no chão
De minha gaiola de calor e frio
Só vejo o cinza e grande multidão
Ah, quem me dera ver do alto o mundo
Do sono sem sonhos eu despertaria
De cima veria o nobre e o vagabundo
E em lamaçal jamais eu estaria
Pois tudo é mais lindo, visto lá do céu
Sem os desejos de metamorfose
Carrego comigo a sentença de réu
Ainda que a vida eu desfrute ou goze...
Dedicado a amiga recantista, Marise Castro, que também é fã da obra que serviu de inspiração para o texto supra.
Inspirado na canção “S.O.S D’un Terrien En Détresse”, escrita por Luc Plamondon e inicialmente interpretada por Daniel Balavoine. Recomendo também a versão mais contemporânea, interpretada por Dimash Kudaibergen, que, na minha humilde opinião, é ainda mais bela que a versão original. Caso não conheça e pretenda ouvir, prepare-se para uma das coisas mais lindas que verá na vida. Deixo abaixo o link. (A música começa de fato aos dois minutos do vídeo.)