Quem me dera

Eu sempre quis ver a vida

Com os olhos de uma grande ave

Essa existência mais favorecida

A bailar voejante no infinito azul

Meu grande anelo, tal bendita chave

Despertar ao norte e sonhar ao sul

Ah, quem me dera ver o mundo de cima

Não como terráqueo, aqui preso ao chão

Seria eu, então, da poesia a rima

Pintura do óleo, divinal canção

Quem me dera ver o mundo ao reverso

Entre as nuvens do céu, no meio do dia

Eu declamaria da estrofe um verso

Meu amor confesso, eu confessaria

Não sei porque choro e nem porque rio

Pois nunca, de fato, tive os pés no chão

De minha gaiola de calor e frio

Só vejo o cinza e grande multidão

Ah, quem me dera ver do alto o mundo

Do sono sem sonhos eu despertaria

De cima veria o nobre e o vagabundo

E em lamaçal jamais eu estaria

Pois tudo é mais lindo, visto lá do céu

Sem os desejos de metamorfose

Carrego comigo a sentença de réu

Ainda que a vida eu desfrute ou goze...

 

Dedicado a amiga recantista, Marise Castro, que também é fã da obra que serviu de inspiração para o texto supra.

 

Inspirado na canção “S.O.S D’un Terrien En Détresse”, escrita por Luc Plamondon e inicialmente interpretada por Daniel Balavoine. Recomendo também a versão mais contemporânea, interpretada por Dimash Kudaibergen, que, na minha humilde opinião, é ainda mais bela que a versão original. Caso não conheça e pretenda ouvir, prepare-se para uma das coisas mais lindas que verá na vida. Deixo abaixo o link. (A música começa de fato aos dois minutos do vídeo.)

 

https://youtu.be/x8ywNKMMpUY?si=ZRm-G4vW014AxG8T

Netokof
Enviado por Netokof em 14/08/2024
Reeditado em 14/08/2024
Código do texto: T8128852
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