Somente quando tu tiveres entregado cada fibra de tua alma, cada desejo oculto e toda a tua devoção sem receber nada em retorno, experimentarás o vazio cruel do amor não correspondido. Pois o verdadeiro prazer não reside apenas no ato de dar, mas na excitação provocada pelo retorno daquilo que se oferece. Quando alguém se ajoelha diante de ti, desnudando sua essência e oferecendo todo o seu ser, não deves ser tão mesquinho a ponto de não oferecer algo em troca, nem que seja um gesto insignificante que o faça acreditar que ainda tens algum interesse.
O mínimo que se pede não é nada mais que uma migalha de atenção, um toque perverso que mantenha viva a ilusão de que o jogo ainda está em andamento. Quando alguém se submete a ti, completa-te, não permitas que se consuma no abismo da indiferença. Permaneça ali, mesmo que apenas para gozar com sua miséria.
O amor, assim como o desejo, é uma moeda que deve ser trocada. Pois de nada serve o sacrifício se não há o prazer da reciprocidade, e ninguém, nem mesmo o mais depravado dos amantes, deve permanecer desprovido daquilo que alimenta suas paixões mais sombrias.