O depoimento do Poema
O poema
Teve um problema
Foi acusado
Agora depõe - foi culpado
Da incrível capacidade
De tocar corações duros - uma calamidade!
Lá fora o sol poente
Aqui dentro a arte como depoente.
O Mal faz a acusação
De que seu cliente sofreu transformação
Pela leitura de um poema
Que defendia o bem
Sem ver a quem
E o abandono da maldade.
Isso é um ultraje (esbrevejou)- a vítima, fiel a seus valores,
Foi corrompido para não causar mais dores.
O poema se defende:
Não tinha a intenção
Foi escrito como mensagem
Obra de inspiração
Cada um faz sua interpretação
Seja quem anda na linha ou na malandragem
Não dá pra prever como cada um vai ler
Se a vítima mudou é porque algo nele tocou.
A todos o juiz ouviu
Comentou que caso como esse nunca viu
Seu dever é julgar
E aqui nada tem a culpar
O poema nada fez
Seus verbetes, sua fraseologia
Não tem antecedentes na criminologia
Declaro inocente!
E complementou:
Da próxima vez vá falar do sol poente
E da lua que está crescente
Não me volte no tribunal
Sem ser culpado por um crime literal.
13/08/2024