O depoimento do Poema

O poema

Teve um problema

Foi acusado

Agora depõe - foi culpado

Da incrível capacidade

De tocar corações duros - uma calamidade!

Lá fora o sol poente

Aqui dentro a arte como depoente.

O Mal faz a acusação

De que seu cliente sofreu transformação

Pela leitura de um poema

Que defendia o bem

Sem ver a quem

E o abandono da maldade.

Isso é um ultraje (esbrevejou)- a vítima, fiel a seus valores,

Foi corrompido para não causar mais dores.

O poema se defende:

Não tinha a intenção

Foi escrito como mensagem

Obra de inspiração

Cada um faz sua interpretação

Seja quem anda na linha ou na malandragem

Não dá pra prever como cada um vai ler

Se a vítima mudou é porque algo nele tocou.

A todos o juiz ouviu

Comentou que caso como esse nunca viu

Seu dever é julgar

E aqui nada tem a culpar

O poema nada fez

Seus verbetes, sua fraseologia

Não tem antecedentes na criminologia

Declaro inocente!

E complementou:

Da próxima vez vá falar do sol poente

E da lua que está crescente

Não me volte no tribunal

Sem ser culpado por um crime literal.

13/08/2024

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 13/08/2024
Código do texto: T8128116
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.