A Fábula
Fixei os olhos no nada
Enquanto ele se transformava
Na tela do que sou e fui.
Tudo estava pintado em formas bem desenhadas
E nenhuma linha se desencontrava.
Meus olhos avistaram os amores que tive
E as paixões que não ousei tocar.
Viram os amigos e melhores amigos
Temporários e fixos,
Os quais perdê-los, não me causou
Sensação alguma.
Na tela, corria o tempo
Enquanto o jovem que fui,
Dormia e bebia coisas abstratas
E imortalidade na imaginação.
Fixei os olhos nesse nada
E o nada se fez grande
Diante do coração que se sentia vago.
Fixei os olhos e diante deles veio a vida,
Recolher a lágrima que nasceu e morreu,
Amarga e solitária no homem que não me tornei.
Leonardo Ramos