A Fábula

Fixei os olhos no nada

Enquanto ele se transformava

Na tela do que sou e fui.

Tudo estava pintado em formas bem desenhadas

E nenhuma linha se desencontrava.

Meus olhos avistaram os amores que tive

E as paixões que não ousei tocar.

Viram os amigos e melhores amigos

Temporários e fixos,

Os quais perdê-los, não me causou

Sensação alguma.

Na tela, corria o tempo

Enquanto o jovem que fui,

Dormia e bebia coisas abstratas

E imortalidade na imaginação.

Fixei os olhos nesse nada

E o nada se fez grande

Diante do coração que se sentia vago.

Fixei os olhos e diante deles veio a vida,

Recolher a lágrima que nasceu e morreu,

Amarga e solitária no homem que não me tornei.

Leonardo Ramos

Leonardo Ramos de Almeida
Enviado por Leonardo Ramos de Almeida em 12/08/2024
Código do texto: T8127165
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