PERSEIDAS
PERSEIDAS
I
Sou estrangeira
Em minha própria terra
Estrelas cadentes
Sobre meus cabelos
Poeira cósmica
A luzir em minhas órbitas
Sou a estranha deitada
Sobre pedra gris
Contemplo o reverso
Da ideia do existir
II
Um sonho acordado
É um dejá- vù
Crivado de imagens
Ígneas e obscuras .
Meu corpo sobre a pedra
Fósseis sob minha pele
Existo como islamita:
Sou rocha bruta
E paleta de cromo
III
Se por mero acaso
Ou telepatia pura
Quisesses entender
A ionosfera
Ou a Constelação de Aquário
Verias um opérculo
Luzidio na vereda
Do meu decote
O calcáreo
A tintura de ópio
Ou lêmure voador:
São partes do meu eu
IV
Se Mefistófeles
Falasse em iídiche
O estridor de sua voz
Mataria pomos
Flores , luzes
Buscaria a mim
( a islamita)
Arrancaria meus rizomas
Sem anestesia:
Na olaria do ódio
Não há estrelas cadentes
Marcia Tigani