Âncora

Há dias que a ferida se abre

na envergadura do passado

corrói o desejo que consome

excita a fenda da rosa

que brilha nas correntezas de orvalho

Nas paredes da boca

que não sabem o que dizem

o amor vira senzala em seu céu

despe a alegria de seu seio

vive sacrifícios

E as feras que em ti andam

aflam o fogo negro do sul

dançam no silêncio do medo

desperta sua ilha ancorada

das garras do calor

Exala a maciez do sangue

dos entornos de suas terras

concreta a língua que chora

rasga o olhar que amordaça

Morro no beijo suicida.