TENTEI DIZER O QUANTO TE AMAVA

Na infância, com cartas de papel colorido,

escrevi, com letras tremidas, "Eu te amo",

Mas o vento levou, dançou entre as árvores,

e você, alheia, só riu da minha cara de espanto.

Na adolescência, com flores na mochila,

tentei te surpreender no intervalo da aula.

Mas a professora, com seu olhar de águia,

confundiu meu gesto com um pedido de desculpas.

E você, rindo, me chamou de “romântico”.

Na juventude, em meio a uma festa barulhenta,

gritei seu nome, com o coração a mil.

Mas a música alta abafou meu amor,

e você entendeu “pizza” no meu clamor,

não viu o brilho dos meus olhos.

Na fase adulta, com um jantar à luz de velas,

preparei mil pratos, um banquete de sonho.

Mas o fogo se alastrou, e em vez de amor,

um extintor virou o centro da atenção.

E você, entre risos, disse: “Muito bem, chef!”

E agora, na velhice, com rugas e memórias,

tento, com um sorriso, contar nossas histórias.

Mas você, distraída, olha para o céu,

e eu só me pergunto:

será que nunca ouviu o que eu realmente disse?

Mas, mesmo assim, persisto, com riso e um pouco de dor,

porque no fundo, amor,

cada falha é uma nota na canção do meu coração,

cada mal-entendido, uma piada que o tempo nos deu,

e eu, resignado, continuo a amar você.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 09/08/2024
Código do texto: T8125005
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