TENTEI DIZER O QUANTO TE AMAVA
Na infância, com cartas de papel colorido,
escrevi, com letras tremidas, "Eu te amo",
Mas o vento levou, dançou entre as árvores,
e você, alheia, só riu da minha cara de espanto.
Na adolescência, com flores na mochila,
tentei te surpreender no intervalo da aula.
Mas a professora, com seu olhar de águia,
confundiu meu gesto com um pedido de desculpas.
E você, rindo, me chamou de “romântico”.
Na juventude, em meio a uma festa barulhenta,
gritei seu nome, com o coração a mil.
Mas a música alta abafou meu amor,
e você entendeu “pizza” no meu clamor,
não viu o brilho dos meus olhos.
Na fase adulta, com um jantar à luz de velas,
preparei mil pratos, um banquete de sonho.
Mas o fogo se alastrou, e em vez de amor,
um extintor virou o centro da atenção.
E você, entre risos, disse: “Muito bem, chef!”
E agora, na velhice, com rugas e memórias,
tento, com um sorriso, contar nossas histórias.
Mas você, distraída, olha para o céu,
e eu só me pergunto:
será que nunca ouviu o que eu realmente disse?
Mas, mesmo assim, persisto, com riso e um pouco de dor,
porque no fundo, amor,
cada falha é uma nota na canção do meu coração,
cada mal-entendido, uma piada que o tempo nos deu,
e eu, resignado, continuo a amar você.