Desafio da fé

O quão frenético és

Quando te sentes menor

Que o maior dos teus ensejos

E te tornas, dos monges, o pior?

Enverga tua mão direita

E te juntas a uma seita

Busca uma vida perfeita

E dos outros se deleita.

Mesmo com palavra trivial

Percebes que nada é normal

Mesmo como desejo carnal

Nada além do que o sonho jovial.

Li teus livros, versos compridos

Tuas estrofes, as mais belas

Vi tuas artes, me encantei

Mas quando ouvi a ti, lacrimei.

Teu jeito espalhafatoso

Teu encanto no desencanto

Escondido em cada canto

É cínico, invejoso.

Amarias ao teu próximo

Como amas a Deus?

Sabes que ele não te podes curar

Nem te proteger ou abençoar.

Mas podes escolher mudar

E se ele puder te ajudar?

Pense em como isso te curaria

Ele eternamente agradeceria.

Mas você só quer ser escutado

Toda a atenção aos seus problemas

Fora aquilo que almejas, nada mais importa

Desde que o todo poderoso te conceda.

É uma fé de troca, uma moeda

Você compra benção com fé

E é contra o comércio dos pagãos

Nem ao menos, salvas teus irmãos.

Vais dar voz à tua santa igreja

Que abriga o pecado, a carne podre

Vais negar à ela todo o teu dízimo

E cada centavo te trará fome.

Não é que Deus te mime

Nem que você desanime

Tentar não é um limite

“Santo é um pecador que nunca desiste”.

Se sabes que a cura é o meio

Se sabes que tua graça te guias

Se sabes que bondade te benzes

Apenas seja, não lucre sobre uma mentira.

Assim como os anjos que nos guardam

Assim como os demônios que atentam

Assim como Deus que nos observa.

É uma angelical luta por orgulho

É uma demoníaca tomada de poder

É uma interferência que corrompe o homem.

Ser mundano, diga-me

Não te cansas de coexistir?

Ser profano, liberte-me

Não te cansas de ser manipulado?

Contanto que eu mate tua fome

Contanto que eu acabe com tua sede

E te dê vestimentas limpas, um teto

Você me adorará como um deus.

Mas se sou simples, humilde e humano

Não perderias teus tempo comigo

Na primeira esquina, ao te oferecerem algo melhor

Eu seria apenas um inimigo.

Pede perdão todos os dias, pra quê?

Come felicidades, vomita melancolias

Condenas teu irmão, com a faca na mão

E se perdes o argumento, deita no chão.

No final, somos insignificantes para ti

Mas somos tudo àqueles que nos amam

E a estes, deves a adoração verdadeira

Sim, aquela que encenas quando sobes no palco.