EU

Ah, quem eu sou?

Cheguei a triste e alegre conclusão:

eu sou totalmente desequilibrada,

não sei mais quem eu sou

ou não sou

Vivo cada momento solta ao vento,

às intempéries do tempo

das agitações do outro ou mesmo

da calmaria

Sou navegante sem rumo,

sem saber o caminho certo

ou mesmo errado,

sou agora a síntese de um destino

que tento reescrever

Sou maresia lenta, chegando,

mas que de repente, por uma onda

mais afoita, se transforma em tempestade

Sou de vez em quando uma alma quieta,

que observa o que lhe adentra pelos olhos,

pelos ouvidos, pelo tato,

pelo simples fato de não pensar, de não querer

pensar.

Mas vez por outra há uma revolta do meu ser,

não me conformo e reclamo, grito,

Contudo nem sempre meu desespero é ouvido

por quem deveria ouvir,

o meu sentir fica parado no barulho de um silencio,

de uma lágrima a rolar...

Eu, ah quem eu sou?

Duvido que mesmo até o final da vida,

eu saiba me definir.

A loucura e a maturidade

em mim convivem

e eu fico a mercê de um tempo

que se faz silente mas vem a tona

sem prestar atenção se é tempo de

sol ou de chuva

e eu vivo a me surpreender

Não consigo descrever-me

e imagino que nem você.

(07/08/2016)

Raimunda Lucinda Martins