Você foi...
Você foi a vinda inesperada
A ida anunciada
Você foi o caos consternador
E a breve calmaria
Foi a quentura em demasia
E o frio arrebatador
Você foi os extremos, na mesma proporção
Impiedosos extremos de tudo
A minha melhor e pior percepção
O seu olhar foi, certamente, a minha verdade
Enquanto a sua boca me prometia o mundo
Com doces palavras vazias
Você foi o encontro rápido, o beijo lento
O meu relógio de pulso que não obedecia
A falha nas engrenagens do tempo
E eu perdia a hora, a razão e o equilíbrio
Mas tua voz era a bússola dos meus sentidos
Certos e incertos, meus olhares perdidos
Meu estremecer, meu arrepio
Você foi a brisa da mais alta montanha ao amanhecer
E a ventania que arrasou os meus dias
Você foi o abismo que convidava
Ao prazer de um voo sem asas
O impacto mais doloroso da queda
Foi a minha certeza incerta
Foi o amor que abraçou meu vazio
E a lacuna irreparável no peito
Uma dualidade que me despia e vestia
Você foi o paradoxo mais cruel
A linha tênue entre minha sensatez e ousadia
Num caminho duvidoso entre o inferno e o céu.