SORTILÉGIO.

Não vivo de passados

Mas de olhos cerrados

Cruzamos nossos tempos

De ontens e amanhãs

E te busco e te busquei

Por onde estivemos

Por onde nos perdemos

Por onde nos esquecemos

Em pretéritos imperfeitos

De tempos incertos

Abruptamente arrancados de nós

Ás amarras, á fórceps

Proibidos de passar

Sem direito a nascer

Sem sorte, sem norte

Nem sortilégio nem morte

Ausente na madurez do teu pensamento

Sou passos largados

Sem direção nos teus caminhos

Busquei-te, meu amor

Antes que secassem nossos lábios

Nos segredos das palavras não trocadas.

Nos desejos das bocas não beijadas.

Nos vazios dos braços sem abraços

Procurei-te.

Elenice Bastos.