E AGORA, JOSÉ LINS?
(Parodiando Carlos Drummond de Andrade)
“E agora, José?”
Cadê teu sorriso?
Cadê o teu jeito
De grande menino
Querendo brincar?
“E agora, José?”
Cadê teu avô
Que não vem te buscar?
Cadê tuas tias
Do velho Pilar?
“E agora, José?”
Sem Zefa Cajá,
Sem a velha Totonha
A noite é medonha,
Quem irá te alegrar?
O tempo passou,
O menino cresceu,
E ninguém percebeu
Que o mundo é engano
E que o passado ficou
Em completo abandono!
“E agora, José?”
Cadê Papa-Rabo?
Cadê Zé Amaro?
Cadê o moleque,
O amigo Ricardo,
Que foi pra Recife
Para trabalhar?
E agora, José?
Cadê teu engenho?
Cadê teu avô?
Teu palco de amor,
Cadê, onde está?
Quem destruiu
O Engenho Corredor?
“E agora, José?”
“José, para onde?”
A noite está alta
E sentimos tão forte
A tua falta!
“E agora, José?”
Por onde te escondes?
Nas páginas de um livro
Que gosto de ler
Sinto-me feliz,
Pois lá encontramos
Mais vivo que nunca
O nosso ZÉ LINS!
— Antonio Costta