ANIMAIS

Na maioria das vezes, sou como a borboleta...

Fecho-me em um casulo, para minha vida ajeitar...

E quanto me deparo com a minha certeza...

Volto a alçar vôos... me assumo, volto a brilhar!

Mas também sou como um lince...tenho segredos

E muitos deles tenho medo até de revelar

Ao meu grande companheiro intimo, o espelho...

Pois como lince aprendi o valor do silêncio...

Foi com ele que me inspirei, ao me controlar!

Sou formiga quando carrego meus problemas...

Quando trabalho sem pensar em descansar...

Mas também tenho um ferrão potente...

Para todos meus inimigos enfrentar!

Mas gosto também de ser como a lontra...

É meu lado mulher a se traduzir...

Me vejo então coquete e tão brincalhona...

Que a muito chego até a seduzir!

E tenho também aprendido a ser cobra...

Pois ela apresenta-nos o poder da criação...

É a sensualidade, a alquimia... É a transmutação...

E é na minha poesia que eu a traduzo...

E que aprendo a transmutar meu veneno em magia...

Tornando-me eterna... sendo sempre energia!

Tenho também estudado muito, para me tornar uma gralha

Pois é ela quem representa os mistérios da criação.

Ela nos ensina o dom do desdobramento,

Estar em dois lugares ao mesmo tempo.

E como gralha ao aprendo a mudar

A novas realidades me readaptar.

Por mais difíceis que possam ser as mudanças

Eu sempre aprendo a ter esperanças...

De um mundo calmo e colorido vislumbrar!

E tenho também um lado de porco espinho...

Que mesmo nos passando uma atitude agressiva

É gentil, amoroso, brincalhão e amistoso...

E essa sua arma tão evidente só é usada naturalmente

Quando a confiança em alguém é interrompida.

Só tenho dificuldade em aprender

A lidar com meu bicho homem...

Esse bicho é tão falso, hipócrita!

Não me causa boa impressão.

Acho mesmo que tenho vergonha de ser um deles...

De ter que pertencer a esse clã!