Foi-se

Foi-se o tempo

em que eu sabia o que dizer

e o que pensar

a cada passo da minha estrada,

Mesmo que hoje eu saiba

que eu andava de mãos dadas

com a ilusão,

eu penso que era bem mais fácil,

simplesmente acordar, sem dúvidas,

e continuar caminhando

sem olhar pro lado.

Hoje eu sei,

que não serei

o próximo grande amor

de seu ninguém,

nem hei de me encantar

na próxima calçada,

mas estou aqui,

na ciranda dos vencidos,

exausto, mas sempre pronto

pra a próxima derrota,

e para o próximo e sincero

ledo engano.

Meu erro mais crasso,

e minha sina,

foi amar à despeito,

sem reservas

e sem parar pra pensar.

Então não me diga

que nunca quis me fazer mal,

Só pra me deixar,

como já me deixou

tantas vezes

na espera

pela próxima grande declaração,

Eu não tenho mais

vinte e poucos,

pra desperdiçar,

tanto tempo, e tanto fígado,

em contemplação,

Eu vou e você vai,

e cada qual pro seu lado,

risca o fim como quiser,

e assim eu sigo,

gastando a minha prosa

com folhas avulsas de papel,

e o meu pulmão

com as sedas que sigo roubando,

dos meus amigos,

cúmplices dos meus pecados,

cada qual culpado

eu sua própria maneira,

presos por seguir andando,

copos cheios,

corpos vazios,

e vivos,

enquanto sobrar sexta feira.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 04/08/2024
Código do texto: T8121920
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