Foi-se
Foi-se o tempo
em que eu sabia o que dizer
e o que pensar
a cada passo da minha estrada,
Mesmo que hoje eu saiba
que eu andava de mãos dadas
com a ilusão,
eu penso que era bem mais fácil,
simplesmente acordar, sem dúvidas,
e continuar caminhando
sem olhar pro lado.
Hoje eu sei,
que não serei
o próximo grande amor
de seu ninguém,
nem hei de me encantar
na próxima calçada,
mas estou aqui,
na ciranda dos vencidos,
exausto, mas sempre pronto
pra a próxima derrota,
e para o próximo e sincero
ledo engano.
Meu erro mais crasso,
e minha sina,
foi amar à despeito,
sem reservas
e sem parar pra pensar.
Então não me diga
que nunca quis me fazer mal,
Só pra me deixar,
como já me deixou
tantas vezes
na espera
pela próxima grande declaração,
Eu não tenho mais
vinte e poucos,
pra desperdiçar,
tanto tempo, e tanto fígado,
em contemplação,
Eu vou e você vai,
e cada qual pro seu lado,
risca o fim como quiser,
e assim eu sigo,
gastando a minha prosa
com folhas avulsas de papel,
e o meu pulmão
com as sedas que sigo roubando,
dos meus amigos,
cúmplices dos meus pecados,
cada qual culpado
eu sua própria maneira,
presos por seguir andando,
copos cheios,
corpos vazios,
e vivos,
enquanto sobrar sexta feira.