Olhos de Menina
Não posso mais falar de um tempo
em que desenhava um mundo
com um marca-passo preso entre as mãos.
Quando os olhos de menina
(con)templavam um universo gigantesco
que se formava dentro um círculo
feito à lápis no papel em branco.
Uma história se desenhava na retina dos olhos
que brilhavam diante a imensidão
que (re)criava a si mesma
a primeira página de um livro
que um dia – tantos e tantos séculos depois –
os meus olhos viram e as mãos abriram.