SÍNTIPO VII - MUNDO AZEDO

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MUNDO AZEDO
(Poema Sintipo VII) *

Contemplo da janela as plantinhas da horta,
Cultivadas com adubo, água e natureza morta.
Do mercado, em plásticos, vem o que se come,
Embalado chega o alimento que mata... a fome.

É careta cultivar beladona, tomate, alfazema...

Do fabricante, devo saber nome e sobrenome,
Contabiliza-me como refém real, que consome.
Vivo ou morto, sou um número. É o que importa.
Fácil! Prático! Somos cobaias (eu e minha aorta),

No shopping, à beira-mar ou sobre o rochedo.



* Forma poética criada pelo poeta português Fernando Oliveira, o Ferool: "...o poema síntipo é composto, de: um título, mais duas quadras e um verso para arrematar, que deve rimar com o título, assim como um verso solto que não rime com o tema, mas que lhe siga os contornos. As duas quadras devem rimar: a primeira em decrescendo e, a segunda em crescendo, os versos rimados devem ter a mesma energia fónica, de preferência com rimas ricas. O verso solto sem rima prefigura a base do poema, quando este é escrito numa folha e esta é dobrada em duas partes, verificarão que todos os versos casam perfeitamente em termos de rimaria. ..”
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 11/01/2008
Reeditado em 09/04/2012
Código do texto: T812088
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