Kumadori
Para esconder minha angústia,
coloco uma máscara,
kumadori que encontrei nos armários do meu ser.
Não quero que vejam por detrás dela.
Às vezes, como um pássaro na gaiola, desejo por liberdade,
tento arrancá-la de minha face.
Não sou capaz!
Protejo-a como a chama de uma vela,
tento mantê-la acesa ante o vento.
Tenho medo de revelar minhas feições interiores,
nesse meu emaranhado de cicatrizes.
Tenho medo das minhas verdades!
A minha pior confissão ainda está escondida
nas nuvens do meu outono sem luar.
Lágrimas despontam nos olhos,
implorando para serem derramadas.
A dor reverbera no peito,
nada para me servir de âncora.
Em meio às desilusões,
meu grito se ergue.
Uma ponta de luz sangra
num céu sem vida.
O tempo passa em silêncio sufocante.
Em resposta, só meu eco,
com gosto de amargo vinho.
E assim me fecho em copas,
renovo meu kumadori!
Na face da minha máscara,
a digital do que não sou.