O Poeta e a Acrobata
Certo dia vinha pelas ruas passando
Num desses dias que são muito comuns
Um poeta a pensar
Em que palavras usar
Para seu poema mais genial.
Olhava as imagens a vagar
Absorto e alheio
Aos carros que buzinavam.
Em outro, lugar estava
Desafiando o ar
Uma acrobata peralta
Que subia e saltava
Leve
Suave
E encantava todos que por lá passavam.
O destino então
Como um menino brincalhão
Resolveu que um dia
Numa esquina qualquer da vida
Os dois iriam se encontrar.
O poeta distraído
Cabisbaixo por não encontrar palavras
Levantou seu olhar
Viu na leveza da acrobata
Tudo que seu coração queria contar.
A acrobata peralta
Subia em seu tecido
Saltava ao ar
Sorria ao poeta
Que assistia aflito
Erguendo os braços para carregá-la.
Finalmente tinha encontrado
O que há muito procurava
A acrobata brincava de espalhar pelo ar
Tudo que estava escondido,
Contido no poeta
E ela reconheceu em seu olhar
As coisas que só o coração compreende
Que para o amor
Não necessitam palavras.
05/2010