Dizem por aí
A gosto de Deus
Pois é
agosto sempre traz ar seco
carimbado com selo de mau agouro
Mas será?
Dizem todos em coro
Até a má sorte pode ser coisa boa
como dizem os mais velhos
É sempre um talvez, um será, um deus quis
talvez seja livramento de coisa pior
A menina perdeu pai e tio em agosto
O rio levou
Nas águas de Delfinópolis
mês da ventania
avistou um vento forte
Eram os espíritos sendo abraçados
enlaçados pelo tempo
Joga canela
falam as feiticeiras
Entre o não e o talvez
elegemos os im (possíveis)
Quem sabe a canela
e a coragem
e uma imagem de Santo Expedito
roguem aos ventos de agosto
O impossível
E que a gosto
seja o gosto de cada um
Sabor de ventania próspera
em prosa, em poesia
na maestria da vida
E que...
se o mau agouro vier
a gente solte um samba
faz uma dança meio bamba
acende uma vela pro santo
abraça o vento
e joga canela no tempo
fecha a janela
esquenta a canja na panela
tempera com boa sorte
e tranca o amor bem forte
que é só ele pra espantar
e é de se admirar
quem faz do chão, terra de adubo
usa o escudo e vai...
agosto, traga o que tem pra trazer!