O CREPÚSCULO DOS SONHOS

Nas auroras da existência, somos todos poetas,

Pintores de esperanças em telas infinitas...

O primeiro amor, um beijo de fogo e mel,

Acende estrelas nos olhos ainda ingênuos,

Passeios inesquecíveis, como ondas de primavera,

Banham nossas almas com promessas de eternidade,

Devaneios platônicos dançam em nossas mentes,

Enquanto o coração anseia por encontros cinematográficos.

Fantasias de sucesso e fama nos embalam,

Como canções de ninar para adultos sonhadores:

O emprego dos sonhos, um castelo no ar,

Onde reinamos sobre nosso próprio destino.

Imaginamos cofres transbordando de riquezas,

E laços dourados tecendo nosso futuro,

Uma família, um ninho de amor perfeito,

E o mundo inteiro aos nossos pés para explorar.

Mas o tempo, esse ladrão silencioso,

Vai furtivamente apagando nossas ilusões,

Os sonhos grandiosos se contraem,

Como balões perdendo o ar, lentamente.

Agora, ansiamos por migalhas de felicidade:

Um coração que nos acolha, imperfeitos que somos;

Uma viagem modesta, fugindo da rotina,

Para alimentar a alma faminta de novidade;

Buscamos pequenos momentos de prazer,

No abraço da parceira, no escuro do cinema.

Um "bom trabalho" do chefe já nos basta,

E ter um emprego é motivo de gratidão,

O salário, antes sonhado em milhões,

Agora só precisa cobrir as contas do mês,

Amizades profundas se tornaram luxo,

Contentamo-nos com conversas casuais.

Um dia sem discussões é uma vitória,

E conhecer um lugar novo, uma aventura rara,

Os louros acadêmicos se reduziram a aprovações,

E o lar dos sonhos, a um aluguel suportável.

Mas neste crepúsculo de aspirações murchas,

Há uma beleza crua, uma verdade nua,

Pois são estes pequenos sonhos realizáveis

Que tecem a tapeçaria de nossa humanidade.

E talvez, nesta simplicidade forçada,

Encontremos a essência do que realmente importa:

Não os castelos no ar, mas o chão sob nossos pés;

Não as estrelas distantes, mas o calor de um abraço próximo.

Assim, aprendemos a sonhar com os pés na terra,

A encontrar magia no cotidiano,

A valorizar cada pequena conquista,

Como se fosse o tesouro que um dia imaginamos.

Pois no fim, são estes sonhos modestos

Que nos mantêm vivos, que nos fazem humanos,

E neles, paradoxalmente, podemos encontrar

A grandeza que outrora buscávamos no impossível.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 01/08/2024
Código do texto: T8119495
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