Óleo em madeira

Ah mulher/

Esses olhos que entranham/

Essa boca que vicia /

Esse jeito que inicias/

Cravando em meu peito /

Toda a tua sedução/

Desnorteiam- me os sentidos/

A perder- me a razão/

Desses verbos sem palor/

Que me deixam convencido/

Que esse cio adormecido/

Podem violar o teu pudor/

Não permitas me excitar/

A querer mais do que posso dar/

Dizes-me o que queres comigo/

Pois que, seus trejeitos arguidos/

Indo além do segundo da emoção/

Fecunda-me- a na alma ações/

De tons atrevidos/

Pra tirar de ti um prazer vencido/

Por favor, não me chames/

A tua cama/

Quando a noite se inicia/

Não me venhas contra a face/

A roçar- me com essa pele nua/

Pois que,  sob efeito desse gole/

A essa idade/

Me levarás a uma certa loucura/

Não permitas/

Teu corpo desatento/

Nessa longa noite fria/

Nem  insinues mais  do permitido/

Visto, que vens de nada parecido/

Se prender-me com as mãos/

Saia no tempo a rumo desconhecido/

Porque irei beber nos teus seios aperitivos/

Mais do que a boca a assumir a fome/

Porque irei consumir-te/

Em muitas horas /

Mais do que/

A  necessidade necessita/

Se me permitires a intimidade/

Pode faltar qualquer coisa/

Mas antes de morrer/

Deixe - me  existir na tua vida/