Corda

Ponho a corda na vitrine,

Mas a laço em pensamento,

Numa ideia que se exprime

Na fraqueza de um momento.

Calo o óbvio que me exime

De um vão contentamento:

De um fardo, de um crime,

Do fim para o sofrimento.

Recomponho-me a mente.

Chega à loja um cliente,

Aproxima-se e me aborda,

À procura de uma corda.

E por ironia, infelizmente,

Na vitrine em frente à porta,

Tal carrasco jaz ciente

Do destino que o comporta.