Criação - Denise Reis
Não se faz um poema sem construir silêncios
é necessário sinaleiras piscando incertezas
o vermelho enrijece o verbo
o amarelo não amadurece o verso
o verde é pincel com tinta
e todo poema precisa de desenhos
mal traçados na beira do dia
para se tornar licito às sedas
A poética não tem freios
é voo livre na escrita dos pássaros
onde o firmamento é substrato
a terra – santo fragmento
o ar – mistério transpirando solenes devaneios
o poeta sorve rezas para alcançar graças
de olvidadas e luzidias promessas
depois de agradecer a verve
em locuções de arco-íris – transparece
o poeta vive como quem arrefece
acreditando na plena felicidade
enseada de eternidades
éden que nunca entardece
quando morre - o poeta vira saudade
nos corações que ouvem estrelas em efervescer
e pálidos de encanto suplicam quimeras
para entre palavras e deidades
descansar – fluir – ou resplandecer...