O RIO ERA DO POVO
“O rio era do povo.”[130]
“O rio era dos pobres.”[130]
“As vazantes do Paraíba
lhe enchiam a barriga.”[131]
“O rio (...) entregava o seu leito
para que o povo se servisse (...).
Era o pai do povo na época das vazantes.” [132]
“Nos meses de seca,”[133]
“o povo cavava cacimba na beira do rio,
furava até encontrar água salobra.”[133]
“A água cortava sabão,
mas sempre servia para se beber.”[133]
E era assim que se defendia da sede”.[133]
[Mas] “as caldas fedorentas da usina
se despejavam no rio.
Aquela porcaria se embebia na areia
e os urubus passavam o dia em cima.
Ia fedendo de rio abaixo.”[132]
“O que mais doía no povo era perder o rio.” [132]
“O Paraíba (...) das cheias enormes,
dos banhos do poço [130], das vazantes...
O bom rio parecia [agora]
o cemitério dos bois, coberto de urubus.” [134]
“Os pobres haviam perdido o socorro do rio”. [135]
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[130] REGO, José Lins do. Usina, p. 56
[131] REGO, José Lins do. Usina, p. 106
[132] REGO, José Lins do. Usina, p. 79
[133] REGO, José Lins do. Usina, p. 79
[134] REGO, José Lins do. Usina, p. 138
[135] REGO, José Lins do. Usina, p. 72
ORGANIZAÇÃO: ANTONIO COSTTA
Do livro "Poemas Zelinianos", disponível neste link:
https://clubedeautores.com.br/livro/poemas-zelinianos