FRAQUEZAS

Sempre que podia externalizar a dor que sentia,

Derramava-se de lagrimas e de lastimas;

mesmo que as escondidas.

Também poderá,

Era sentimental demais.

É que nasceu ouvindo que mulher não pode ser fraca

E que chorar é sinônimo de fraquezas;

Quando podia,

Entrava no quarto,

Sozinha,

O travesseiro seu único amigo,

Consolador de penumbro.

E chorava sem parar,

Derramando litros e mais litros

Da imensidão de sua solidão;

Mas breve se recompõe.

Se levanta,

Se maqueia,

Se refaz;

É que desde pequena,

Foi ensinada que mulher tem que andar sempre bonita,

Feliz e de bem com a vida,

Mesmo que, definhando por dentro o interior.

Passado a crise de choro,

Vai pro trabalho,

Enfrentar o dia,

Seja na gritaria,

Ou no silencio domavel.

É que quando criança

Aprendeu que deve calar-se para se manter ativa.

No fim do dia,

Refaz o caminho de casa,

Enfrenta um engarrafamento,

Os lamentos do filho pequeno,

O latido do cachorro do vizinho,

A agenda que precisa ser revista

E o bebe que precisa de carinho

É que quando criança

Foi ensinada a não reclamar,

Mulher deve suportar tudo calada,

Aguentar as porradas da vida.

Somente após dar conta de tudo,

Vai para o banheiro,

Seu porto seguro

E pode gritar,

Ainda que com a toalha na boca.

Somente ali,

Naquele ambiente

Se desfaz do personagem

Forte e potente.

Agora é apenas uma mulher,

Sensível e humana.

Ivonoel cardoso
Enviado por Ivonoel cardoso em 30/07/2024
Reeditado em 30/07/2024
Código do texto: T8118341
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