FRAQUEZAS
Sempre que podia externalizar a dor que sentia,
Derramava-se de lagrimas e de lastimas;
mesmo que as escondidas.
Também poderá,
Era sentimental demais.
É que nasceu ouvindo que mulher não pode ser fraca
E que chorar é sinônimo de fraquezas;
Quando podia,
Entrava no quarto,
Sozinha,
O travesseiro seu único amigo,
Consolador de penumbro.
E chorava sem parar,
Derramando litros e mais litros
Da imensidão de sua solidão;
Mas breve se recompõe.
Se levanta,
Se maqueia,
Se refaz;
É que desde pequena,
Foi ensinada que mulher tem que andar sempre bonita,
Feliz e de bem com a vida,
Mesmo que, definhando por dentro o interior.
Passado a crise de choro,
Vai pro trabalho,
Enfrentar o dia,
Seja na gritaria,
Ou no silencio domavel.
É que quando criança
Aprendeu que deve calar-se para se manter ativa.
No fim do dia,
Refaz o caminho de casa,
Enfrenta um engarrafamento,
Os lamentos do filho pequeno,
O latido do cachorro do vizinho,
A agenda que precisa ser revista
E o bebe que precisa de carinho
É que quando criança
Foi ensinada a não reclamar,
Mulher deve suportar tudo calada,
Aguentar as porradas da vida.
Somente após dar conta de tudo,
Vai para o banheiro,
Seu porto seguro
E pode gritar,
Ainda que com a toalha na boca.
Somente ali,
Naquele ambiente
Se desfaz do personagem
Forte e potente.
Agora é apenas uma mulher,
Sensível e humana.