Novo Mundo
Quando essas ondas,
esses cachos de tempestade e fúria
Varreram minha pele, como varrem deserta praia
Levaram primeiro a sujeira, depois o pudor
Daí o arrepio, o suspiro e o cio, o calor
E em ondas e mais ondas de total redemoinho
Calaram –me num grito
E quem pensava azul
Tremeu ao ver o céu castanho, quase mel
E os maremotos romperam minha proa
Minha envergadura, e línguas á toa
A torto e a direito lamberam o céu
E a sua Deusa do vento
Fez acordar um vulcão nos meus mamilos
Então de braços abertos na praça da vila arrasada
Senti a chuva lavando meus pecados
Caindo sobre a pedra nua, trazendo à tona a alma amada,
Um dedo no caos como quem tempera um dom selvagem,
Seu fogo sobre a areia despertando a colorida miragem
Doido de saudade de ontem
Querendo ver de novo seus maremotos no horizonte