Natália

Como nos meus sonhos, Natália se sentou no meu colo, e tomou um gole de cerveja de um copo

que eu não sabia e se era meu, se era dela ou se era nosso.

Talvez eu tivesse esperado tempo demais que as coisas pudessem fluir desse jeito na vida real

pra acreditar que um dia fosse possível.

Entre um trago de cigarro, um sorriso e uma gargalhada,

ela se abria,

e me olhava como se a felicidade

pudesse ser eterna.

Mesmo que eu soubesse que não seria.

Natália, e tudo o que ela me trazia

parecia estar além do amor,

além do mero encanto

e do tesão de sexta feira,

que tanto nos acometia

Como um bloco que se arrastava por uma rua,

à despeito do fim do carnaval,

ela resistia ao tempo,

com a paixão dos renitentes,

e me beijava,

como se fosse um crime

abrir os olhos

antes do fim.

E eu pensava que talvez, lá no final,

eu pudesse encontrar o céu,

com minha língua,

e ser arrebatado.

Talvez,

só talvez,

eu pudesse gozar

antes do último verso riscado,

e da última rima,

se apagar de sua pele,

Talvez,

só dessa vez,

Natália me pegasse pela mão,

e me encaixasse entre as pernas

daquele jeito,

que não me deixava espaço,

pra escapar.

e aí já era,

a minha razão de novo.

Eu atravessaria

uma cidade ou duas,

talvez mais,

só pra saber

o quanto ela me queria,

e enfim,

se eu podia,

deixar na carne

a marca das mãos,

que em pensamento

eu tanto repetia.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 29/07/2024
Código do texto: T8117634
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