Gênio

São muitas encarnações

Muitos corpos em uma só alma

Que vive um mesmo caminho

Mais intenso que os outros

Mais inquieto

Mais sozinho

Mais sofrido

É um temperamento divino

É quando Deus deixa de ser um alterego

E é engolido em forma de poesias

De invenções

De quadros lindos, também uns bem feios

De muitas impressões

É quando o humano chama o outro humano do espelho e se fundem em apenas um caminho

Um mesmo caminho

Mais inquieto que de todos os outros

Que absorve muito e é absolvido

O gênio é quando Deus é entendido

E percebe que é a si próprio

E vive mais livre, inventivo, subversivo

Mas também mais perdido

É um temperamento impossível para os que nunca acendem suas chamas

Almas que nunca encontram

E sempre falam delas

Como se soubessem onde estão

Ou quem são

O que são

E os poucos que existem

Emergem à lua e ao sol

Como ritos de uma velha geração

Se conhecidos ou não

Mesmo sem nenhuma realização

Mas sempre intensos, tão cheios de paixão