BUEIRO E CHAMINÉ (José Lins do Rego)
Via “o bueiro do engenho,
com a boca suja de fumaça velha,
o telheiro encardido de lodo”[76]
Via “a fumaça
do bueiro do Santa Rosa
melando o céu azul.”[77]
“Via o seu engenho,
com seu bueiro minúsculo,
bem perto da grande usina.”[78]
“Perderam-se pelo céu azul,
pelas nuvens brancas,
os rolos de fumo do bagaço
queimado nas fornalhas.”[79]
Via “de longe, subindo para o céu azul,
um bueiro que não era aquele com boca de gaita.
Uma chaminé redonda, enorme, vermelha.”[80]
“Uma chaminé (...) dominando tudo
com aquela ponta fina dos para-raios.”[81]
“Há pouco tempo o bueiro do Santa Rosa
deitava fumo por aquelas mesmas nuvens.
Mas o que era um bueiro de engenho
comparado com a soberba chaminé de usina,
dominando tudo com a sua arrogância?”[82]
“Não era nada comparado
ao colosso que crescia,
que com pouco mais seria
a maior usina do estado.”[78]
“Aquela chaminé arrogante
dominava terras que trabalhavam
para as entranhas de suas máquinas.”[85]
“A chaminé da usina não se sentia bem,
com um bueiro de engenho por perto.”[86]
“Aquela chaminé” [84]
que “parecia uma torre de castelo feudal,
olhando de cima os pequenos
que procuravam a sua sombra.
A diferença era que ela não protegia
aos que chegavam, aos que se abrigavam.”[87]
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[78]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 69.
[80]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 34.
[81]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 37.
[82]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 64.
[83]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 133.
[84]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 69.
[85]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 77.
[86]REGO, José Lins do. Banguê, p. 124
[87]REGO, José Lins do. Usina, 2010, 68.
ORGANIZAÇÃO: ANTONIO COSTTA
Do livro "Poemas Zelinianos", disponível neste link:
https://clubedeautores.com.br/livro/poemas-zelinianos